Importações de aço na América Latina atingem recorde histórico e geram déficit comercial sem precedentes

No encerramento do primeiro semestre de 2025, as importações de produtos laminados representaram 40% do consumo aparente de aço na América Latina, o nível mais alto registrado nos últimos quinze anos, segundo o último informe mensal da Associação Latino-Americana do Aço (Alacero). Esse dado reflete uma forte pressão externa sobre a indústria regional e impõe importantes desafios à competitividade e ao desenvolvimento produtivo.

Produção e consumo

A produção de aço bruto na região alcançou 4,7 milhões de toneladas em junho, um aumento de +7,2% em relação ao ano anterior, impulsionado principalmente pela baixa base de comparação devido à paralisação de plantas no México em junho de 2024. No entanto, no acumulado de janeiro a junho, a produção totalizou 27,8 milhões de toneladas, o que representa uma ligeira queda de -0,7% frente ao mesmo período do ano passado.

Quanto ao aço laminado, foram produzidos 4,3 Mt em junho (+4,9% a/a) e 25,6 Mt no semestre (-0,9% a/a). A produção de tubos sem costura sofreu forte retração, com queda de -25,3% no mês e -19,4% no acumulado.

O consumo aparente de laminados foi de 6,2 Mt em junho (+7,1% a/a), alcançando 37,4 Mt no primeiro semestre (+4,2% a/a). Cinco das seis principais economias da região registraram aumentos, com exceção do México, que recuou -8,1% a/a.

Comércio exterior: crescimento das importações e queda nas exportações

Em junho, a América Latina importou 2,3 Mt de produtos laminados (+6,3% a/a), acumulando 15,1 Mt no semestre (+9,0% a/a). Os maiores incrementos foram observados na Argentina (+30,6% a/a) e no Brasil (+82,4% a/a), este último explicado em parte por uma base muito baixa em 2024. Em contraste, o México reduziu suas importações em -23,9% a/a.

As exportações, por outro lado, caíram para 0,4 Mt em junho (-25,3% a/a), o menor registro para este mês desde 2011. Isso resultou em um déficit comercial de -1,9 Mt, o maior para um mês de junho em toda a série histórica.

Setores consumidores: desempenho desigual

A demanda por aço apresentou resultados mistos conforme o setor. Em junho, a construção cresceu +3,0% e a produção manufatureira avançou +0,4%, enquanto o uso doméstico recuou -7,7% e a fabricação de máquinas aumentou +6,2%. A produção automotiva subiu +1,0% em junho, mas acumula queda de -3,6% no ano.